Após o velório em São Paulo, pesquisadores da USP receberam o cérebro do ex-boxeador Maguila, que agora integra o banco de estudos de doenças neurológicas. O atleta, diagnosticado com Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), expressou à esposa, Irani Pinheiro, o desejo de doar seu cérebro. A ETC é uma doença degenerativa causada por traumas repetitivos na cabeça, comum em esportes de contato. A contribuição de Maguila pode ajudar a aprimorar o entendimento e o tratamento dessa condição, beneficiando atletas que enfrentam esse tipo de risco.
O neurologista Renato Anghinah, que acompanhava Maguila, destacou a importância da doação, afirmando que ela pode abrir caminhos para novos tratamentos ou até mesmo uma possível cura. A iniciativa de Maguila se junta a outros atletas, como o jogador Bellini e o boxeador Éder Jofre, que também contribuíram com o banco de cérebros da USP, o qual possui mais de dois mil órgãos para estudos. Esse acervo permite comparações entre diagnósticos realizados em vida e análises póstumas, com uma precisão superior a 80% para doenças como ETC e Alzheimer.
Para garantir que o órgão fique preservado e sem marcas visíveis no corpo, o procedimento de retirada do cérebro segue um protocolo cuidadoso. Os especialistas, então, fixam o cérebro em substâncias químicas e o cortam em lâminas para análises microscópicas. Além disso, com o avanço tecnológico no Brasil, esses estudos agora podem ser realizados com equipamentos nacionais. Dessa forma, o país reduz sua dependência de universidades estrangeiras e fortalece sua própria pesquisa neurológica. Assim, o Brasil avança na compreensão de doenças neurológicas e contribui de maneira autônoma para a ciência.