Consultorias do setor afirmam que a destruição das lavouras de soja no Rio Grande do Sul aumentará não apenas os preços do óleo, mas também os das carnes de frango e de porco. É que o farelo do grão é a principal base proteica da ração destes animais.
O RS é o segundo maior produtor da leguminosa do Brasil, além disso, no 1º trimestre, foi o responsável por manter em alta os níveis de exportação, após a seca enfrentada pelo Centro-Oeste.
Antes das chuvas começarem, ainda faltava o estado colher cerca de 30% da safra segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).
A expectativa da colheita era cerca de 20 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A estimativa do tamanho da perda, segundo consultorias do setor, é de 2,5 milhões a 5 milhões de toneladas. Há ainda as perdas não estipuladas da leguminosa que estavam em silos e armazéns.
Como a soja afeta o preço dos alimentos
A queda nas exportações após a perda no RS pode gerar uma disputa pela soja como matéria-prima, analisa Carlos Cogo, da consultoria Cogo. Isso, por sua vez, vai reforçar a tendência de alta dos preços da leguminosa.
A ração animal feita com soja é usada, principalmente, para as cadeias de frango, carne suína e para o caso de criação bovina em confinamento. Sendo que nas duas primeiras é a principal base proteica para a alimentação. Com a ração mais cara, os preços podem refletir nas gôndolas do supermercado.
Já a alta do óleo de cozinha impulsionaria também os preços de outros óleos vegetais para o consumidor, afirma Cogo.
Mas, para ter certeza dessa alta, será preciso acompanhar as perdas no campo por todo o mês de maio, aponta Luiz Fernando Gutierrez, consultor da Safras & Mercado.
Quebra na safra era prevista
Mesmo antes das chuvas, o Brasil já iria sofrer uma quebra na safra de soja, aponta Pereira. Isso acontece quando o volume colhido é menor do que o estimado no início da safra.
Uma das razões era a seca no Centro-Oeste brasileiro, que já prejudicava a colheita. De mesma forma, o preço do grão sofria queda nas bolsas internacionais, seguindo um movimento que afeta as principais matérias-primas agrícolas exportadas, as “commodities”.